segunda-feira, 13 de junho de 2011

Encontros e Desencontros

Gosto de observar desconhecidos e imaginar histórias para eles. Recentemente fiz uma viagem com meu marido e fazíamos isso no metrô. Olhávamos as pessoas, cada uma falando uma língua e usando uma roupa diferente, e inventávamos uma vida para ela. Brincadeira boba e engraçada, mas que pode ser profunda ao nos reconhecermos um pouco em cada um que perambula sob nossas vistas.

Um lugar que é perfeito para isso é o aeroporto. Desde criança gostava de passear por lá, afinal morava perto de um, não custava nada, né? Mas o máximo que minha família ia era até a Região dos Lagos, então não perdia a oportunidade de ir quando tinham que buscar amigos e parentes ou visitar uma tia minha que trabalhava em uma livraria. Lia os livros de graça e olhava as pessoas.

São tantas histórias, choros, risadas e abraços intermináveis. Cheguei a pensar que podiam fazer um filme ou programa de tv. E não é que anos depois não fizeram? O Chegadas e Partidas, que passa no GNT, com a apresentadora Astrid Fontenelle virou meu programa preferido. É sensível, dolorido e gostoso de assistir.

Eu acabei me vendo em uma dessas muitas histórias que eu gostava de inventar. Talvez hoje olhem pra mim e imaginem também porque estou chorando ou rindo, no que estou pensando ou vou fazer. Nos últimos anos passei mais tempo me despedindo do que gostaria. Já vi meu amor sumir dentro de um navio gigantesco, já fui embora pra longe da família, já me despedi de um amigo que foi pra guerra e não voltou. Consolei uma amiga grávida aguardando o avião do marido que não chegou - preso no terremoto do Haiti.

Mas a vida das pessoas que vivem longe dos aeroportos corre. E corre rápido. Às vezes elas nem se dão conta de que seu avião pousou. O número de pessoas que te recebem agora é menor, mas os que estão ali derramam as lágrimas mais preciosas. E quando menos se espera, são poucas as pessoas que realmente sentem a sua falta. Bate a tristeza, mas também nasce uma alegria de saber que aqueles poucos sobreviventes  ficarão ao seu lado sempre que precisar, sempre que você chegar novamente.

Hoje entendo mais do que nunca as pessoas que eu assistia desde pequena partir. Nem sempre elas têm opção, nem sempre elas podem ter tudo o que querem. Um sonho, um amor ou motivação as empurram como as malas nas esteiras na esperança que alguém não as lance tão longe e que perguntem ao menos antes: "tem algo frágil aí dentro?"

Amizade de mulher

Durante pouco tempo fui voluntária em uma dessas ONG´s em que as pessoas ligam e desabafam os problemas da vida. A maioria delas eram meninas adolescentes e grande parte reclamava que ainda não tinha encontrado a sua BFF (como elas chamam a melhor amiga) e sentiam-se muito mal em serem deixadas de lado. “Todas as minhas amigas já tem as suas BFF´s e eu preciso arrumar uma pra mim”, ouvi de uma delas aos prantos, sonhando um dia achar uma relação que fizesse inveja em Rachel e Mônica ou Blair e Serena.

Os homens não conseguem entender muito bem a relação das mulheres e não é só porque falamos quase 20 mil palavras por dia, mas como pode alguém compartilhar segredos com quem acabou de conhecer na fila do banheiro? Ir de um assunto sério aos gritinhos ensurdecedores e esticando as mãos só porque notaram que os esmaltes estão iguais. Vai ver é por isso que inventaram essa história do homem ser mais amigo do que mulher, que brigam e se magoam por qualquer besteira. Ah, meninos... é que mulher vai mais fundo!

Mas quando a gente cresce a nossa hora do recreio fica curta pra fazer novas amizades e morando em uma nova cidade tudo parece complicar ainda mais. Já me peguei comentando os vestidos das atrizes na festa do Oscar e só depois lembrei que quem estava sentado no sofá era meu marido e não minha irmã! Sinto falta das minhas amigas, dos papos descompromissados, das futilidades às crises existenciais. De alguém pra dar conselhos, fazer rir ou dizer que o meu rímel borrou.

Outro dia estava me sentindo solitária... Foi uma semana cansativa, o marido viajando, a dispensa vazia e eu sem tempo de ir ao mercado. Chegava no curso morta de fome. No meio da aula uma menina me cutucou e disse: “Oi! Reparei que você anda abatida, fiz esse sanduíche, quer?” Preciso dizer mais alguma coisa?

A resposta está aí rapazes! Cuidamos umas da outras e não importa a idade porque toda mulher precisa de um divã, de um oráculo feminino para ajudar encontrar as respostas que estão bem ali, na frente dela.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Acertando as contas com o passado

Muita gente morre de medo desse tal reencontro com o passado, né mesmo? Eu, particularmente, sempre fui uma dessas pessoas. Digo sempre fui porque, de uns tempos pra cá, resolvi me desapegar. Botei na cabeça que o meu passado é responsável pela pessoa que me tornei (uma pessoa incrível, diga-se de passagem! risos... Não resisti à piadinha, meninas) e eu não deveria ter medo de encará-lo novamente.
Dito isso para mim mesma, lá fui eu "acertar as contas" com algumas pendências do passado. O primeiro passo - e mais difícil, confesso - foi aceitar ir almoçar com uma antiga paixão... Antiga mesmo, coisa de 5/6 anos atrás... E que eu não vejo há mais de 4 anos. Descobrimos que estávamos trabalhando a menos de 5 minutos um do outro e começamos a conversar virtualmente (tudo culpa do maldito - ou bendito - facebook! rs).
Papo vai, papo vem, leio o seguinte comentário "poxa, a gente prometeu ser amigo pra sempre e há uns 4 anos mal nos falamos. Pq será q isso aconteceu?". Nesse momento a perna tremeu e eu relutei muito para responder. Afinal, a verdade era só uma. A culpa era toda minha (e os motivos estavam apenas na minha cabeça). Eu me afastei pq era apaixonada por ele, mas não tinha coragem de falar isso pra ele e, por causa disso, só fazia besteira e só brigava com ele. Coisa de criança de 5 anos? Exatamente! rs... Pensei, pensei e resolvi responder "Ah, sei lá... Coisa do tempo"! Rá! Pra quem eu queria mentir hein?
Mas tudo bem. No dia seguinte, lá fomos nós almoçar. Em 6 anos o ser não havia mudado nada! NA-DA. As únicas coisas que tinham mudado eram os nossos status de relacionamento! rs...
Pois bem... Papo vai, papo vem... Ele me pergunta: "Pq será q não demos certo, hein?". Nessa hora eu vi que eu precisava acertar essa conta com o passado (já que, no presente, eu olhava pra ele e via apenas um antigo amigo). Falei tudo... TU-DO que há seis anos estava guardado só pra mim. Impressionante o bem que me fez. E acho que fez bem a ele também. Pelo menos agora ele sabia exatamente o pq não deu certo. Depois disso, rimos horrores, falamos besteira, trocamos experiências sobre casamentos... E, no final das contas, éramos dois grandes amigos almoçando. Um status que, de verdade, acho que não deveríamos ter perdido nunca.
Depois desse dia, vi que não há pq não mexer no passado. Faz bem, lava a alma e, nesse caso especificamente, reitera a importância do presente. :)

sábado, 14 de maio de 2011

As sempre benditas lembranças...

Eu sempre soube que o coração de uma mulher guarda muitos segredos. Muitos deles, ela só divide consigo mesma. Ninguém mais sabe. Antes de dormir, toda noite, eles ficam ali, falando ao pé do ouvido dela, fazendo com que ela lembre de tantas coisas que viveu. Boas? Ruins? Para mim, todas as lembranças são benditas. Se são de um momento bom, são deliciosas, arrancam sorrisos inesperados, suspiros espontâneos. Se são de momentos ruins, são pesadas, às vezes ainda fazem chorar. Mas não acho que devam ser malditas. Quem é que maldiz seu próprio passado? Logo ele, o passado, que nem merecia ter esse nome, já que,  muitas vezes, é infinitamente mais presente que o presente. Quem maldiz o passado só pode ser alguém que não conseguiu alcançar a grandeza dos ensinamentos que essas horas ruins trouxeram.

O mix de sentimentos que as lembranças geram é infinito. Da saudade ao arrependimento, da alegria à vontade de voltar no tempo. O único inimigo nesse momento são as horas. Elas já passaram. Todas elas. Foram embora, de mãos dadas, como deixando uma festa. Deixaram você às voltas consigo mesma, do mesmo jeito que as lembranças fazem todas as noites.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

As Horas

Acabei de assistir o filme As Horas. E que coincidência, pois eu não estava muito inspirada pra escrever. Não sei, mas talvez escrever seja mesmo um exercício diário e, embora eu sinta que leve jeito, vou deixando pra lá, pra depois. Mas voltando ao filme, é uma história sobre mulheres tentando encontrar o sentido de suas vidas. Bingo! Está aí um belo tema para começarmos esse blog. Afinal, não é isso que fazemos todos os dias? Nós, mulheres que podemos ser tantas coisas, ficamos na busca pelo nosso verdadeiro rumo. Aquele pote de ouro no final do arco íris. Aquele rumo que vai nos dar a coisa mais valiosa pela qual podemos viver: a nossa felicidade. Ser mãe? Casar, mas não ter filhos? Nunca casar e viajar o mundo? Ser artista? Sair por aí, sem raízes em lugar algum? São tantas possibilidades...e que agonia dá quando sentimos que não estamos no rumo que gostaríamos. No filme, uma das personagens abandona seu marido e os dois filhos. Ela diz: “_Eu tinha que escolher entre a vida e a morte. E eu escolhi a vida.” Absurdo? Talvez não, talvez sim. Só cada uma de nós sabe o que está no nosso coração. Talvez ela soubesse que causaria ainda mais mal à família se continuasse fingindo ser feliz, mesmo que estivesse morrendo por dentro.

E isso nos leva à um dos nossos maiores desafios: fazer escolhas. Medimos cada passo para que não façamos as escolhas erradas. Mas será que não são essas escolhas erradas que nos ensinam mais? E, às vezes, pensamos tanto, racionalizamos tanto, para em dois minutos aquele cara que você julga um cafajeste te pegar nos braços e fazer todo seu racional virar um beijo inesquecível, que faz pulsar mais forte o principal órgão do seu corpo: seu coração. E não é pra fazer o coração quase sair pela boca que a gente vive?

Eu acredito que é preciso muita bravura para assumir a escolha de ser mulher. E a gente sabe que não é tão simples assim. Mas, o mais necessário mesmo, é ter uma taça de champanhe e amigas pra rirem com você e dividirem essa sina ora desgraçada, ora divina, de ser mulher.


Por: Ana Carolina